Como interpretar a lírica camoniana.


Esta é uma questão bastante interessante nas aulas de Literatura que tenho dado no Ensino Médio de uma escola confessional na qual o vestibular não é visto como se fosse algo essencial à vida do estudante. Reforço o discurso de que a Educação precisa ser integral e que somente terão sucesso nos vestibulares aqueles que se prepararem física e espiritualmente além do conhecimento acadêmico. Nos exercícios que publico aqui no site sempre levanto esta discussão e não seria diferente hoje. Assim como no Descomplica, aqui prezamos pelo bem estar do aluno.
 

QUESTÃO 03 

Nível de dificuldade: difícil.

Assunto: Camões épico – Os Lusíadas.
 
Relacione as estrofes de Os Lusíadas aos episódios que a elas se referem.

I) “Mas um velho de aspecto venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C’um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do esperto peito:”

II) “Não acabava, quando ua figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura;
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má e a cor terrena e pálida;
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.”

III) "A que novos desastres determinas
De levar estes reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas
Debaixo d’algum nome preminente?
Que promessas de reinos e de minas
De ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?”

IV) “E fareis claro o Rei que tanto amais,
Agora cos conselhos bem cuidados,
Agora co as espadas, que imortais
Vos farão, como os vossos já passados.
Impossibilidades não façais,
Que quem quis, sempre pôde; e numerados
Sereis entre os Heróis esclarecidos
E nesta Ilha de Vênus recebidos.”

V) “Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.”

VI) “Tomando-o pela mão, o leva e guia
Para o cume dum monte alto e divino,
No qual uma rica fábrica se erguia,
De cristal toda e de ouro puro e fino.
A maior parte aqui passam do dia,
Em doces jogos e em prazer contínuo.
Ela nos paços logra seus amores,
As outras pelas sombras, entre as flores.”

1. “A morte de Inês de Castro”
2. “O Velho do Restelo”
3. “O Gigante Adamastor”
4. “A Ilha dos Amores”
5. “A Máquina do Mundo”

a) I – 2; II – 3; III – 2; IV - 5; V – 1; VI – 4.
b) I – 5; II – 1; III – 2; IV - 2; V – 1; VI – 4.
c) I – 2; II – 3; III – 5; IV - 5; V – 4; VI – 1.
d) I – 4; II – 3; III – 5; IV - 1; V – 2; VI – 3.
e) I – 1; II – 2; III – 4; IV - 5; V – 3; VI – 1.

QUESTÃO 04
 
Nível de dificuldade: média.

Assunto: Camões Épico X “O Homem, As Viagens” (Drummond).

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), importante poeta brasileiro, em “O Homem, as Viagens”, propõe um diálogo com Os Lusíadas, do poeta clássico Luís Vaz de Camões. As partes grifadas, inclusive, são citações do poema épico português.

O Homem; As Viagens
 
Carlos Drummond de Andrade
 
O homem, bicho da Terra tão pequeno
Chateia-se na Terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a Lua
Desce cauteloso na Lua
Pisa na Lua
Planta bandeirola na Lua
Experimenta a Lua
Coloniza a Lua
Civiliza a Lua
Humaniza a Lua.
Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
Pisa em Marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza Marte com engenho e arte.
Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
Vê o visto — é isto?
Idem
Idem
Idem.
O homem funde a cuca se não for a Júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.
Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-Terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o Sol, falso touro
Espanhol domado.
Restam outros sistemas fora
Do Solar a colonizar.
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.

http://letras.terra.com.br/carlos-drummond-de-andrade/807510/ (Acesso em 17 de maio de 2010)

Leia as alternativas a seguir e assinale a CORRETA.

a) O eu lírico de Os Lusíadas narra as viagens de Pedro Álvares Cabral (o herói) e a história do povo português.
b) O eu lírico de “O Homem, As Viagens” mostra um homem feliz com suas conquistas, lutando por mais coisas.
c) Os Lusíadas é um texto todo otimista, diferente do poema de Drummond, que traz um ar de desconfiança na última estrofe.
d) “O Homem, As Viagens”, como faz o poema épico camoniano, discute apenas viagens em busca de bens materiais.
e) Os dois poemas mostram o homem em busca de algo, sejam elementos materiais ou autoconhecimento.

Gabarito dos exercícios 



QUESTÃO 03
A
QUESTÃO 04
E

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